Mesdames et Messieurs,
O vinho é um universo empolgante e uma dessas delícias, além claro de provar os mais variados vinhos, é pesquisar sobre os caminhos que nos levaram até as garrafas que tanto amamos. Hoje, Seu Meliê se traveste de pesquisador para deitar o olhar em “gêmeas” potentes e frutadas e que se descobriram irmãs a partir de percepção de um professor. Foi o americano Austin Green que encontrou a conexão entre a italiana primitivo e a californiana Zinfadel. Depois, pesquisas apontaram que dividiam o mesmo DNA.
Segundo relatos, a primitivo teria atravessado o atlântico no início do século 19, desembarcando na costa leste dos Estados Unidos. Lá, teria acontecido o rebatismo para zinfadel. Depois, com a corrida do ouro nos EUA, ela se estabeleceu na Califórnia, onde, aliás, brilha como rainha das castas do país do Tio Sam.
Ainda na caça às origens, zinfadel e primitivo seriam derivadas de uma uva croata, conhecida como Crljenak, que chegou à Itália ainda no século 13 e ganhou o nome de primativo, do latim primativus, que significa a primeira a amadurecer.
E a casta faz jus ao nome. Amadurece rápido e com isso, ainda mais no calor do sul da Itália, rende vinhos com alto teor de açúcar e, portanto, bem alcoólicos. É normal, vinhos de primitivo, também de Zinfadel, terem nível de álcool acima de 14%. Mas é um álcool que não fica muito perceptível pelo mesmo motivo. Na fermentação, há uma sobra de açúcar residual que vai ajudar a amaciar os vinhos e deixá-los com um caráter bem frutado.
A primitivo é característica da região da Puglia e sua melhor versão é filha da pequena comuna de Manduria, localizada no salto da bota italiana. Rende vinhos fantásticos, como o produzido por Conte de Campiano, que o Seu Meliê adora degustar. Como seus conterrâneos, é um vinho encorpado, mas com muita fruta e notas de pimenta. Excelente para pratos bem condimentados.
A bientot..